Historia

O texto abaixo foi retirado do site da Associação de Confrades e Amigos do Caminho de Santiago de Compostela-São Paulo-Brasil o qual que aconselha-mos a consultar  www.santiago.org.br 




Após a ressurreição de Cristo, os apóstolos, seguindo a orientação que o Senhor lhes transmitiu na terceira aparição, saíram da Judeia para espalhar suas palavras em terras desconhecidas. Tiago, filho de Zebedeo e Salomé e irmão de João "O Evangelista", frustrado com as constantes perseguições que sofreu Cristo e que continuava atingindo todos os demais cristãos, decidiu pregar em Finisterrae, um lugar muito remoto onde não haviam perseguições aos cristãos.
Esta região, a mais a oeste da Europa, era então considerada o fim do mundo, daí o seu nome. Após uma longa jornada, em um pequeno veleiro que praticava o comércio em todo o Mediterrâneo, chegou a Iria Flávia, cidade na qual conseguiu vencer várias dificuldades iniciais e a partir da qual iniciou seu trabalho de evangelização entre os povos da região.
Conta a historia que Santiago Apóstolo foi um santo e viajante do cristianismo, que era capaz de chegar em barca a qualquer parte do mundo para pregar a sua fé. Era um santo de admirável poder e era um dos doze apóstolos de Cristo, o qual o apelidaram "o filho do Trovão", por seu carácter ardente e apaixonado. Era o maior dos apóstolos e foi o principal animador da comunidade cristã de Jerusalém. Em seu caminho a Finisterra para esse fim, conta a lenda que, quando chegou a Zaragoza, exausto, apareceu a Virgem sobre um marco de quartzo pedindo que nesse lugar erguesse uma igreja em sua homenagem, que seria a que hoje se conhece como "Basílica de Nuestra Señora del Pilar".   Fachada da Igreja de Santiago - Sevilla - Aparición de la Virgen del Pilar a Santiago Apóstol - Legenda abaixo da pintura: "Madre mía del Pilar, antes morir que pecar" Antonio Kiernam Flores - Fábrica: Cerâmica Santa Ana - Sevilla, década de 1940.
Após seis anos de pregação na região, decidiu que era hora de voltar à Palestina a fim de contar o que tinha conseguido e trazer mais evangelizadores à Hispania. O retorno foi muito difícil e dois anos depois finalmente aportou em Jafa e seguiu para Jerusalém.

Nesta época os judeus eram regidos por Herodes Agrippa, que levou as perseguições aos cristãos às últimas consequências. Após um curto período de pregação, Tiago foi preso e sentenciado à morte por decapitação e abandono dos restos mortais às feras do deserto. Cumprida a sentença, os seus irmãos de fé conseguiram recolher o seu corpo, que foi embalsamado e transportado de volta à Hispania por Teodoro e Atanásio, dois discípulos convertidos em Iria Flavia. Uma vez de volta a Finisterrae, Tiago foi sepultado em um bosque de difícil acesso que recebeu o nome de Libredunum. A partir de então gerações de eremitas se revezavam na tarefa de velar o túmulo do Apóstolo.
Passaram-se quase oitocentos anos, quando em 822, dois camponeses acreditaram ter visto muitas luzes vindas de um bosque êrmo. Alertado, o Bispo Teodomiro empreendeu uma viagem ao local e lá encontrou o eremita Pelayo que lhe relatou que velava o túmulo de Santiago, todo envolto por luzes. A notícia foi rapidamente levada ao rei Afonso II que mandou construir uma capela e um monastério, tornando-se o primeiro peregrino a visitar o local. Assim nasceu um dos mais importantes centros de peregrinação: o Caminho de Santiago de Campo Estela.
À partir de 845, começaram a chegar os primeiros peregrinos e já em 862 o local não suportava mais o fluxo de fiéis, o que fez com que os restos mortais fossem transladados para Santiago de Compostela.  Em 1075 deu-se o início da construção da actual catedral. No século XI, o caminho partia de quatro cidades da França: Tours, Vézelay, Le Puy até Ostabat e de Arlés até Somport.
Devido à importância que o Caminho adquiriu, em 1135, o Papa Calixto II, incumbiu o frade Aimeric Picaud de escrever uma obra a respeito, tendo sido produzido o Líber Sancti Jacobi, em cinco volumes. Um dos volumes descreve pormenorizadamente o caminho, sendo considerado o seu primeiro guia.
Com o fim da Idade Média, o Caminho de Santiago perdeu a sua importância e foi gradativamente esquecido. Somente no século XX, ele foi novamente resgatado e começaram as peregrinações modernas. O Caminho de Santiago foi declarado Conjunto Historio Artístico em 1962, é considerado Património Cultural Europeu pela Unidade Europeia e Santiago de Compostela foi reconhecida pela UNESCO como Património da Humanidade em 1962.